sábado, 28 de maio de 2011

O Diabo Cor de Rosa


Em O Diabo Cor de Rosa, Qelimath expressa de forma clara os sinais visíveis de como a nova geração de bruxos trata uma das figuras centrais da Bruxaria Tradicional, ou melhor, expõe como essa nova geração de 'bruxos', modernamente criados, esquecem de manifestações que ainda estão presentes, mas em seus últimos suspiros de vivência.

Na contramão do que ocorre na Europa, que tenta reunir o máximo de dados culturais para recompor e recontar sua história, o brasileiro, descendente natural bem mais jovem, não demonstra esta preocupação. Esta gente brasileira, cuja população jovem reinava há uns dez anos atrás, deva começar a se preocupar em preservar sua cultura multifacetada antes que ela se perca na poeira do tempo.

Há, certamente, uma despreocupação entre os novos peregrinos com estas questões. Provavelmente, nós, os jovens, acreditamos que a nossa contribuição para as próximas gerações será criada, ou reinventada, para os padrões mais modernos, fantasiando que padrões tradicionais não sirvam para o nosso futuro. E nessa ânsia por estar ligado a um mundo tecnológico e moderno, acabam por esquecer-se daqueles que construíram a tradição de sua própria terra: Na contramão, a arte das benzedeiras e curandeiros perdidos nos rincões deste país enorme, que trazem não só as características principais das artes bruxas, mas também, uma história rica de encantamentos e que podem ser traçados de volta para diversos países europeus, é prontamente desprezada na velocidade de um clique.

O reflexo desse comportamento moderno é uma tentativa de clarear, suavizar ou abrandar as imagens da Bruxaria Tradicional: O Cornudo, pobre esquecido, o grande homem-bode de falo ereto e cheiro almiscarado, desce do pedestal de Diabo do Sabbath, vermelho como o sangue dos marginais heréticos, azulando-se de horror aos representantes gays no tal chamado ‘culto de fertilidade’. Ele finalmente chega aos nossos dias ganhando tons rosados – de tanto branqueamento - pela nova geração de ‘jovens bruxas’.

A preocupação da autora é como a de muitos outros peregrinos da Bruxaria Tradicional. É manter viva a Tradição, como uma herança daqueles que já se foram e um tesouro para aqueles que virão logo.

Leia O Diabo Cor de Rosa na íntegra clicando aqui: O Diabo Cor de Rosa.

Introdução: Em resposta aos sentimentos de aversão em relação à figura folclórica e arquetípica da Bruxa, houve uma subseqüente e colossal campanha de ‘branqueamento’ anexada ao ressurgimento de sua sobrevivência. Este ressurgimento ocorreu, em sua forma mais pública e popular, em uma forma de culto menos ‘nociva’ à moral cristã que permeia os costumes e usos da nossa sociedade.

Diante disto, é conveniente fazermos um balanço, uma análise do custo desta grande abertura de mercado diante das formas mais tradicionais do Ofício, mais habituadas a se manterem pequenas e secretas e menos preocupadas com a opinião pública e moral vigente.

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