Compilado inicialmente por Odir Fontoura no blog Diannus do Nemi:
Atenção: A lista dos filmes não é definitiva, logo, estando em constante modificação com novos longas adicionados. Os filmes organizam-se em ordem cronológica de estreia, não de interesse ou importância. Sempre que possível tenha-os fisicamente também na sua estante!
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HAXAN (Benjamin Christensen, 1922)
Enquanto que Fausto de Murnau é baseado em uma obra literária que trata de temas como a Magia e a Alquimia, Haxan - A Feitiçaria Através dos Tempos de Christensen é um pseudo-documentário, ou docudrama, que trata das práticas da Bruxaria de maneira muito fiel tal qual é retratada no imaginário e no folclore da literatura medieval e moderna. O pacto com o Diabo, a nudez ritual, as possessões e o famoso folclore sabático do vôo noturno, são dramatizados de forma bastante intensa que classificam o longa no gênero de terror, explicando sua proibição de exibições em certos países, como nos Estados Unidos, por exemplo.
Christensen defende a ideia de que as crenças e as práticas de bruxaria são resultado de doenças mentais desconhecidas no período medieval e da modernidade quando lembra: “A crença nos maus espíritos, feitiçaria e bruxaria é o resultado de ingênuas noções sobre o mistério do universo”. Ainda que seja uma abordagem histórica recusada hoje em dia, isso não faz com que o longa perca sua beleza mitológica e poética, retratando como nunca antes, o folclore bruxesco e feiticeiro, trazendo ao cinema, o que muitos por muito tempo apenas sonharam.
Tendo as devidas ressalvas históricas e reconhecendo as licenças poéticas desse longa, não há como não apreciar esta obra de arte.
Para assistir: Parte Única pelo Youtube.
Sobre o filme: Mudo, legenda em alemão e inglês.
Palavras-chave: Bruxaria, Feitiçaria, Sabá, Diabo, Inquisição, Idade Média.
FAUSTO (Murnau,1926)
Como primeira sugestão, não poderia ser outro clássico senão Fausto de Murnau. Alemão de 1926, é uma adaptação cinematográfica de uma outra obra de arte, não de menor importância, que é a obra literária Fausto, também do alemão Goethe.
Ambientado no estouro da Peste Negra, Fausto é
o mago que olha com tristeza para o homem vulgar que não tem
conhecimento do seu potencial. Fausto é a personificação do homem sábio
que anseia pelo conhecimento: anseia por conhecer a vida, a morte, a
alegria, a ciência e a magia. Quando descobre que já conhece todas as
coisas do Universo, surge então o demônio Mefistófeles, que em troca da sua alma lhe ensina o seu maior anseio: o amor. Mefisto (também
conhecido amigavelmente) é a própria representação do Diabo, que
desafia, ousa, e por isso destrói. Mas, justamente, para uma justa
reconstrução ou finalização do ser que é Fausto, ou do verdadeiro
potencial humano – que não é mau ou bom, certo ou errado, apenas
humano.
O
filme é fortemente caracterizado pelo expressionismo alemão e seu jogo
de luz e sombras que dá um tom macabro e sinistro, cuja natureza é, sem
dúvida, inseparável da história. Fausto e Mefistófeles são meus heróis e
minha inspiração, eu confesso.
Para assistir: Parte Única, pelo Youtube.
Sobre o filme: Mudo, legendas em inglês.
Palavras-chave: Magia, Alquimia, Pacto com o Diabo, Idade Média, Idade Moderna.
Particularmente gosto das cenas em que, logo depois de terem os espíritos libertados, pai e filha – ainda incorpóreos – analisam a sociedade estadunidense em que se encontram. “Olhem como dançam, como tudo mudou. Nunca imaginei que veria roupas como essas na Nova Inglaterra.” Diz Jennifer. “Não podem ser descendentes daqueles puritanos que conhecemos” completa o pai, Daniel. Ainda sem forma física, Jennifer comenta “Seria bom ter lábios. Lábios para sussurrar mentiras... lábios para beijar um homem e fazê-lo sofrer” representando a bruxa folclórica como a perturbadora e causadora do caos – não sendo diferente da outra vida, em que destruía as colheitas da vizinhança e fazia com que as vacas não dessem mais leite. Ainda como espectros, depois de colocar fogo no Hotel em que Wooley está hospedado, assumem forma física para dar prosseguimento aos seus planos.
Gosto da criatividade dos efeitos especiais dessa época.
“She knows all about love potions... and lovely motions!”
Para assistir: Parte Única, pelo Youtube.
Sobre o filme: Preto e branco, áudio em inglês, legendas em português.
Palavras-chave: Feitiçaria, Maldição, Romance, Poções de Amor, Contemporaneidade.
"Rekopis znaleziony w Saragossie", como no original, é uma obra longa, densa e sem uma linha cronológica bem definida – o que não faz com que deixe de ser um bom filme. Polonês, Wojciech
Has baseou-se no livro homônimo de Jan Potocki também conterrâneo de
1805, trazendo uma miscelânia de histórias que movem-se entre si,
ambientadas na Espanha medieval de católicos, judeus e muçulmanos,
retratando de forma intrigante uma mentalidade plural e sincrética.
Da Magia à Sedução (Practical Magic)
é um romance baseado no livro de Alice Hoffman que tem como plano de
fundo a história da família Owens e suas descendentes misturando drama,
comédia e romance.
O VIOLINO VERMELHO (François Girard, 1998)
Le Violon Rouge sem dúvida é um filme fascinante. Ainda que
seja longo, segue uma história que prende o observador do começo ao fim, não deixando
que o filme se torne cansativo, recorrendo então a uma não-linearidade das cenas
que explica, gradualmente, o desenrolar coerente da história.
O SABOR DA MAGIA (Paul Mayeda Berges, 2005)
Em
inglês, “The Mistress of Spices” significa algo como Senhora das
Especiarias. Antes de mais nada, O Sabor da Magia como ficou conhecido
no Brasil, é um filme sobre tradições frente a um mundo moderno. Tilo
(Aishwarya Rai) é uma linda mulher que vem da Índia e traz em sua
bagagem o que aprendeu no seu passado. Ainda na Índia, depois de ter os
pais assassinados tragicamente, chegara ainda criança a uma velha
senhora que ensinava a ela e a suas dedicadas sobre os segredos das
especiarias.
“The
Fountain” é o original em inglês, e em Portugal ficou conhecido como “O
Último Capítulo”. São três histórias interligadas, com o mesmo
personagem central. No passado, Tom (Hugh Jackman) é um cavaleiro do
séc. XVI que sai em busca da Árvore da Vida nas selvas da Guatemala de
acordo com orientações escritas no Gênese. Seu objetivo seria, com isso,
salvar a rainha Isabel (Rachel Weisz) das mãos da Inquisição Espanhola.
No presente, o cientista Tomas tenta salvar sua mulher com um tumor no
cérebro, mas recusa sua súplica em passar os últimos instantes com a
mulher Izzi para trabalhar incessantemente no laboratório procurando por
uma cura. Passam-se os dias e ele luta contra o tempo, recusando a
companhia da mulher que ama numa maneira inconsciente de negar o que
está prestes a acontecer. Izzi está escrevendo um romance histórico e
pede ao marido que escreva o último capítulo. Já no futuro, Tom viaja
pelo Universo com uma árvore que traz as memórias de sua falecida
esposa, rumo a uma galáxia distante onde uma estrela está prestes a
explodir.
Sobre o filme: Mudo, legendas em inglês.
Palavras-chave: Magia, Alquimia, Pacto com o Diabo, Idade Média, Idade Moderna.
CASEI-ME COM UMA FEITICEIRA (René Clair, 1942)
Em “I Married a Witch”,
Veronica Lake literalmente encarna uma típica bruxa femme fatale da
comédia romântica: Jennifer. Tendo sido condenada à fogueira no século
XVII por prática de bruxaria, junto ao seu pai Daniel (Cecil Kellaway),
reencarna novamente em 1942, junto à alma de seu pai. Jennifer encontra
um descendente de Wooley, que havia lhe denunciado, levando-a para
fogueira. Decide então, com a ajuda do seu pai, por seduzir Wallace
Wooley (Fredric March) que atualmente encontra-se às vésperas do seu
casamento e vingar-se pelo assassinato de alguns séculos atrás que
acontecera por culpa dos seus ancestrais. Porém, em uma série de
situações engraçadas um feitiço vira contra a feiticeira levando a um
final, no mínimo, engraçado.
Particularmente gosto das cenas em que, logo depois de terem os espíritos libertados, pai e filha – ainda incorpóreos – analisam a sociedade estadunidense em que se encontram. “Olhem como dançam, como tudo mudou. Nunca imaginei que veria roupas como essas na Nova Inglaterra.” Diz Jennifer. “Não podem ser descendentes daqueles puritanos que conhecemos” completa o pai, Daniel. Ainda sem forma física, Jennifer comenta “Seria bom ter lábios. Lábios para sussurrar mentiras... lábios para beijar um homem e fazê-lo sofrer” representando a bruxa folclórica como a perturbadora e causadora do caos – não sendo diferente da outra vida, em que destruía as colheitas da vizinhança e fazia com que as vacas não dessem mais leite. Ainda como espectros, depois de colocar fogo no Hotel em que Wooley está hospedado, assumem forma física para dar prosseguimento aos seus planos.
Gosto da criatividade dos efeitos especiais dessa época.
“She knows all about love potions... and lovely motions!”
Para assistir: Parte Única, pelo Youtube.
Sobre o filme: Preto e branco, áudio em inglês, legendas em português.
Palavras-chave: Feitiçaria, Maldição, Romance, Poções de Amor, Contemporaneidade.
O MANUSCRITO DE SARAGOÇA (Wojciech Has, 1965).

Mantendo
o caráter épico e surreal da obra literária, o filme de Has começa no
meio de uma guerra talvez napoleônica. Sendo o livro descoberto por um
francês, logo em seguida também chama a atenção de um espanhol, onde
deixam de guerrear e começam a ler o livro, que contaria a história do
ancestral do espanhol Afonso van Worden. Fantasmas de ciganos que
oscilam entre o mundo dos vivos e dos mortos, não nos dão uma conclusão
clara de sua existência. Duas gêmeas mouras demoníacas que, fazendo jus à
mentalidade católica que demoniza a cultura que não é cristã –
insistentemente oferecem seus prazeres e uma bebida na forma de um
crânio ao “herói” Afonso, desde que renegue sua fé cristã. Para
encontrá-las, desce as escadas sempre de uma mesma cabana, o que pode
ser uma metáfora para o submundo, pois depois disso, não será com demora
que Afonso acorda novamente no deserto. Depois disso encontrará um
Padre que lhe fala sobre o perdão e um Louco que havia sido possuído
pelo demônio anteriormente, caminho pelo qual Afonso estava trilhando
sem perceber. Mais tarde encontrará um sábio cabalista que também lhe
contará coisas acerca do Universo, das quais não está interessado, bem
como também um cigano que lhe contará ainda mais histórias sobre sua
vida, todas experiências intercaladas e espiraladas que, essas sim,
chamam sua atenção. Há quem diga que, devido a bagagem esotérica do
autor do livro, muitos personagens do tarot são retratados na história
(O Louco, o Mago, A Sacerdotisa, o Hierofante, os Enamorados, a Morte
etc) e, como consequência, também são presentes no filme.
A
obra de Has, tratando a todo instante do fantástico e surreal traz
consigo uma experiência onírica muito evidente, que após a conclusão das
mais de três horas do filme, não responde àquilo que é real ou
pertencente ao mundo dos sonhos e da ilusão. Ou, até, se tudo fora uma
só coisa. Um filme pra ser visto com disposição e atenção.
Para assistir: Parte 1, Parte 2, Parte 3, Parte 4, Parte 5, Parte 6, Parte 7, Parte 8, Parte 9, Parte 10, Parte 11, Parte 12, pelo Media Fire.
Sobre o filme: Preto e branco, áudio em polonês, legendas em português.
Palavras-chave: Ocultismo, Islamismo, Pacto com o Diabo, Romance, Sonho, Idade Média.Sobre o filme: Preto e branco, áudio em polonês, legendas em português.
DA MAGIA À SEDUÇÃO (Griffin Dunne, 1998)

As tias Frances (Stockard Channing) e Jet (Dianne Wiest), são as protetoras encarregadas de transmitir seus conhecimentos mágicos à geração seguinte. Gillian
(Nicole Kidman) e Sally (Sandra Bullock) são duas irmãs que
compartilham o dom da feitiçaria, crescem e tomam caminhos diferentes. Sally
quer viver uma vida normal, recusa seu dom, casa-se, tem duas filhas e
segue uma vida aparentemente feliz. Já Gillan foge de casa, tem vários
amigos e um namorado viciado em sexo. Ambas seguem suas vidas da melhor
forma possível e estão felizes com aquilo que têm. Até a maldição da
família fazer-se lembrada: Toda mulher Owens que se apaixonar
verdadeiramente, perderá o homem que ama.
Da
Magia à Sedução trata de aspectos interessantes das práticas mágicas:
um conjunto de conhecimentos que são passados de uma geração à outra,
ainda que haja negações e interrupções, e até um ofício marginal e
malvisto pela sociedade comum, mas que quando a necessidade se faz
presente serve como auxílio àqueles que o procuram. Ao longo da
história, vários elementos saltarão aos olhos do observador atento.
Particularmente adoro a cena em que tias e as sobrinhas reúnem-se de
noite para beber, jogar cartas, falarem mal de si próprias e dançar
claramente lembrando uma cena sabática misturando ao mesmo tempo sagrado
e profano: a bruxaria como um legado de dom e maldição.
Misturando
vários gêneros em só enredo, é um filme leve e divertido que com
certeza agradará aqueles que observarem com atenção e sem dúvida será
visto com prazer mais de uma vez ao longo da vida.
"(...)
De algumas coisas eu tenho certeza. Sempre jogue um pouco de sal no seu
ombro esquerdo, plante alecrim no seu jardim, alfazema no portão para
dar sorte e, sempre que puder, também se apaixone..."
Sobre o filme: Áudio em inglês, legendas em português.
Palavras-chave: Bruxaria, Feitiçaria, Romance, Maldição, Contemporaneidade.
O VIOLINO VERMELHO (François Girard, 1998)

A história do Violino Vermelho começa na Itália do séc.
XVIII com Nicolo Bussiti que decide construir um instrumento especial para
homenagear o nascimento do seu filho, ainda que sua esposa enfrente uma
gravidez de risco. A mulher recorre então a uma cartomante que informa não poder
tirar as cartas para uma criança que ainda não nasceu, mas pode o fazer para a
mãe. Retirará, então, 5 cartas: A Lua, o Enforcado, a Justiça, o Diabo e a
Morte prevendo com exatidão fatos que, ainda que sequer a cartomante ou a
consulente saibam, se seguirão aos próximos 300 anos, saindo da Montreal renascentista
na Itália para um mosteiro na Áustria, pela Inglaterra do séc. XIX, da China na
Revolução Cultural do séc. XX, chegando finalmente ao Canadá no séc. XXI onde o
violino está sendo leiloado por uma série de pessoas que estão, direta ou
indiretamente, ligados misteriosamente à história do violino.
Com final surpreendente, o Violino
Vermelho antes de ser drama, romance ou suspense é um filme de arte, cuja
música como plano de fundo faz com que se supere frente aos demais, atingindo
com sucesso sua proposta.
Para assistir: Parte Única, pelo Megaupload.
Sobre o filme: Áudio em inglês, italiano, francês, alemão e chinês. Legendas em inglês e português.
Sobre o filme: Áudio em inglês, italiano, francês, alemão e chinês. Legendas em inglês e português.
Palavras-chave: Tarot, Música, Arte, Renascimento, Idade Moderna, Contemporaneidade.
O SABOR DA MAGIA (Paul Mayeda Berges, 2005)

Passaram-se
os anos e as meninas que tornaram-se mulheres foram iniciadas. Indo
embora da Índia, cada uma foi a um lugar diferente. Tilo foi para os
Estados Unidos e lá monta uma loja de especiarias em uma pequena
comunidade oriental, atendendo clientes árabes, muçulmanos, indianos e
ocidentais. Seu trabalho é ajudar seus cliente de acordo com os
conhecimentos mágicos que aprendera ao longo dos anos de estudos
tradicionais na Índia.
Tilo
não pode tocar na pele de outra pessoa, bem como jamais poderia
abandonar a loja. Ainda assim, conhece Doug (Dylan McDermott) um
americano e se apaixona por ele, apesar das especiarias falaram-lhe que
não era o correto.
O
romance não traz novidades, bem como o roteiro não tem pretensões.
Ainda assim, O Sabor da Magia é um filme de beleza única. Pra quem gosta
de cozinhar e vê nessa matéria uma das mais interessantes práticas
feiticeiras, sem dúvida assistirá o filme mais de uma vez. Como eu.
Poderia finalizar dizendo que antes de mais nada é um filme inspirador.
Os cenários, o figurino, a música e a fotografia falarão por si só.
Para assistir: Parte Única, pelo Megaupload. Legenda aqui, pelo 4shared.
Sobre o filme: Áudio em inglês, legendas em português.
Palavras-chave: Tradições indianas, Culinária, Especiarias, Feitiçaria, Magia Contemporaneidade.
A FONTE DA VIDA (Darren Aronofsky, 2006)

É
um filme com pretensões ambiciosas, mas ficamos em dúvida se foi
possível alcançá-la. A história trata do tema da Morte no ciclo eterno
da Vida, de forma que o Amor seria o elo possível entre uma coisa e
outra. Símbolos interessantes são explorados ao longo do filme, como a
jornada do Herói e o Sacrifício, e evidentemente a Árvore que representa
a Vida em si, mas que também traz a Morte consigo.
Pra ser visto com disponibilidade de tempo e com exigência de atenção.
Para assistir: Parte Única pelo Megaupload.
Sobre o filme: Áudio em inglês, legendas em português.
Palavras-chave: Existência, Morte, Vida, Romance, Idade Média, Contemporaneidade, Futurista.