sexta-feira, 22 de junho de 2012

Litha - O Solstício de Verão

O Solstício de Verão é uma celebração pagã que se festeja desde tempos imemoriais, por volta do dia 21 de Junho, aquando a chegada do Verão. Esta celebração, no que respeita ao divino, é puramente masculina, pois simbolicamente é aqui que o Deus se encontra no seu auge físico, pleno de robustez e virilidade. Nesta celebração estamos perante o dia mais longo e a noite mais curta do ano, e a partir daqui os dias alongam-se, em que o Sol nasce mais cedo e põe-se mais tarde.
 É nesta época que estamos perante o Sol quente do Verão, onde o Fogo tem uma importância enorme, seja o fogo per se, seja uma simples vela ou até mesmo o fogo simbólico, representando a Luz da Sabedoria que o Bode Azazel traz entre os cornos (...)
 
Leia o artigo completo em: Nas Sinuosas Encruzilhadas da Noite
Artigo por Carneo [Nas Sinuosas Encruzilhadas da Noite]

quarta-feira, 20 de junho de 2012

Abordar com Interesse

Este texto é uma tradução do original 'To Approach with Interest', postado inicialmente no blog The Starry Cave.

For our untamed english reader, please read click here to enjoy a great journey into the teachings of Ifá.



Abordar com Interesse
por Nicholaj de Mattos Frisvold

O alicerce da filosofia de Ifá é de que todos nós nascemos bons e abençoados e que somos seres divinos em uma jornada humana. A jornada humana é simbolizada pelo mercado e pela viagem em si. O mercado é um local onde o bom e o mal podem ser feitos, onde roubos e verdades se misturam. A viagem em si significa um movimento de um lugar para outro, onde no entremeio o inesperado pode ocorrer. Ifá diz que no final de qualquer viagem bem feita, há uma cama de paz e tranquilidade para aqueles que utilizaram iwá rere (bom caráter) como suas bússolas nesta viagem.

Ifá ensina que a criação foi causada pelo o sonho da luz que se tornou visível no odu Eji Ogbè, que significa a elevação de ambas as mãos em direção ao céu – pois com o nascimento da luz veio também o seu contraste, Òyèkú méjì, que significa escuridão, o fim dos ciclos e a inalação que faz de Ogbè ativo. A idéia de levantar ambas as mãos ao céu implica em aceitar inícios e fins, luz e escuridão, com igual reverência e gratidão.

O omo odu Ogbè’wori fala da necessidade de transformação no mundo, sobre como não podemos reconhecer a doçura do mel a menos que também tenhamos sentido a amargura do orogbo (o amargor da noz da cola). Um dos versos nos conta:

Ogbè’worí
B’áye wón ba ndùn
B’áye wón bá ndàra
Ìwá ibàjé wón nhú


Tradução:
Quando a vida é doce para eles
Quando a vida é boa para eles
É quando eles começam a se comportar mal

O infortúnio e as complicações não são necessariamente a mesma coisa; uma complicação pode se tornar um infortúnio se abordarmos com resistência e negatividade. Quando assim o fazemos, alimentamos a complicação em nossa vida com orações pedindo para que mais complicações sejam trazidas para nós. No entanto, se abordarmos com interesse e tranquilidade, alimentamos as complicações com luz e bondade.

Ifá é inflexível quanto a importância da ancestralidade; na verdade, todo o corpo de Odu Ifá é a sabedoria dos ancestrais. Ao tomar consciência das situações no passado e suas soluções, podemos efetivamente transformar situações indesejáveis em prosperidade, as complicações em abundância. Outro verso no livro de Ogbé fala sobre como o próprio Orunmila saiu em viagem encontrando o infortúnio, e não a abundância que ele procurava. O verso conta como ele saiu das águas de sua confusão emocional e pediu em lamento aos ‘dezesseis donos do mercado’ pela ajuda do pássaro chamado Agbe (Touraco Musophagidae). O pássaro azul Agbe é um anunciador de boa fortuna e diz-se expor os tesouros escondidos de Olokun, o dono do Oceano, quando a ele é solicitado. O verso também fala sobre como Orunmila fez o sacrifício apropriado, neste caso uma mudança de atitude, onde sua consciência errática foi acalmada e neste calmo estado de espírito ele foi capaz de lembrar da longa corrente de vitoriosas conquistas que o levaram a este momento difícil.

O ensinamento é que as complicações em nossa jornada rumo à abundância também convidam a uma oportunidade ímpar para outras formas de vitória - enquanto nos aproximarmos com interesse e não com resistência, pois em cada dificuldade reside a promessa da vitória. De certo modo podemos dizer que Ifá vê complicações e dificuldades apenas como uma situação – a coloração é dada pela forma que abordamos a situação. Ogbé’rosún diz o seguinte:

Ogbè’rosùn
A dífá fún Òrúnmìlà
Ifá nsawo lo àpá òkun
T’òun ìlà méjì òsà
Nílé olójà mérìndínlógún
Wón ní Baba ò nìí padà dele
Baba wá m’ekún s’ekún ìgbe
Ó fi ìyèrè se ìyèrè aro
Ó nÍ: Agbe gbé mi dele o ò Agbe
A kìí rajo k’á má dele o
Agbe gbé mi dele o
Kò pé kò jìnnà
E wá bá ni bá àrúsé ogun
Àjàse ogun l’á wá wá


Tradução:
Os ensinamentos Ifá foram interpretados
Para Orunmila
Quando ele estava indo em uma missão espiritual
Na costa do oceano
Quando ele estava no meio da lagoa
Na casa dos dezesseis donos do
Mercado
Eles disseram que Baba Orunmila nunca
Voltaria para casa
Mas ocorreu que Baba Orunmila começou
A chorar de forma poderosa, transformando
Seu choro em um grito alto
E ele converteu seu lamento em um canto
de tristeza
Ele bradou, dizendo: pássaro Agbe, leve-me para casa
Oh Agbe
Nós não vamos a uma viagem de modo que não possamos
Voltar para casa
Então, pássaro Agbe, por favor, leve-me para casa
E depois, em pouco tempo e em um futuro não muito distante
Venha e junte-se a nós na vitória alcançada
Através do sacrifício
Vitóriosos na dificuldade, como chegarmos a ser