sexta-feira, 9 de março de 2012

A Tinta das Estrelas

You, our untamed english reader, may read this starry text, The Ink of Stars, from the original source, the Starry Cave, clicking here.


A Tinta das Estrelas
por Nicholaj de Mattos Frisvold


Nada acontece ao homem que a natureza não o tenha preparado para suportar.
(Marcus Aurelius)

O homem moderno constantemente tenta com muito esforço compreender o mundo, a dar sentido à sua posição no mundo – com a razão de sua experiência de mundo ser como é. É constantemente um exército de perguntas que invadem a vida do homem moderno; questões enraizadas na pergunta ‘por que’ as coisas são como são. Para os tradicionalistas estas questões eram facilmente respondidas – tudo se tratava de olhar para as estrelas e perceber a marca celestial ímpar que o fez ser quem você é.

A astrologia teve um avivamento conforme entravamos na era moderna – mas neste avivamento as considerações práticas e pragmáticas da astrologia foram esquecidas, e a astrologia foi reformada segundo os desejos do homem moderno. Ela se tornou uma ferramenta para a busca da alma – para revelar quem realmente somos – porém, a astrologia clássica está disposta de forma a fornecer todos os indícios em torno de sua vida e sonhos, para que seja possível você perceber quem você é. Deixe-me dar um exemplo atual bem próximo do coração de muitos homens e mulheres – como entender o sofrimento, os sonhos e o destino?

Nossa vida é aquilo que imaginamos ser. São nossas esperanças e sonhos, nossos medos e pesadelos que se unem como algo único para trazer à existência o caminho particular que poreja diante de sua Alma. A Imaginação é a matéria da criação – o que somos capazes de imaginar é um potencial a ser usado, abusado ou descartado.

Na astrologia clássica, a 11ª casa, de acordo com Júlio Materno, é a casa de nosso bom daimon, e a 12ª de nosso mau daimon – daí vemos a natureza afortunada da 11ª casa e o infortúnio atribuído à 12ª. Estas duas casas servem como um suporte para a 10ª, que revela o que o Destino e a fama podem nos dar. É nesta tríade que o drama de nossa vida se desenrola.

Abu Mash’ar diz que a 11ª casa é a casa da esperança, fortuna, riquezas e fama, enquanto a décima segunda é relacionada ao sofrimento e inimigos. A décima é relativa aos deveres, reputação e fortuna – é uma casa real, o reino das memórias. Tudo isso nasce a partir da primeira casa, nosso horóscopo, definido pelo signo ascendente – ‘o regente sobre o corpo e a vida do próprio homem, e todos os seus empreendimentos’ (Introductions to Traditional Astrology. Cazimi Press. p. 71).

Nossos sofrimentos e esperanças, nossos inimigos e verdadeiros amigos são todos conseqüências do ditame de Destino na 1ª casa, onde a 10ª nos dá a  fórmula e restrição para alcançar a plenitude de Destino. Há certo jogo entre imaginação e manifestação na 11ª e 12ª casas que são, em última análise, dependentes das regras do jogo dadas na 10ª para efetivar com sucesso o Destino dado na primeira casa.

Isso significa que todos somos variações únicas das possibilidades divinas escritas com tinta estelar nesta terra. A congregação dos daimons que chegaram ao nosso nascimento marca nossa estrela ascendente – ela nos dá a dinâmica particular que encobre o self (eu) e nos ajuda a desenvolver a individualidade. Mas os regentes de nossa vida e corpo não são nossas almas. Nossa alma reside na 11ª casa… que é a casa do amor.

Não importa o que o Destino determine, amor e eros é aquela evanescência daemônica que nos coloca em alinhamento com o self (Eu) e Destino. Um guerreiro governado pelo ódio é dominado pela 12ª casa – ele cumprirá seu dever por meios que levem ao sofrimento. Um guerreiro dominado pela 10ª casa terá um claro senso de propósito e estará pronto para aceitar seu Destino a qualquer momento.

Ser fiel ao Destino jaz na habilidade de fazer o que fazemos como se fosse nosso último ato – há um abandono imprudente nisso e como deveríamos abordar a vida. Isto se apóia na crença de que o que quer que aconteça, assim há de ser porque assim o imaginamos, ou por determinação de Destino – de qualquer forma, é relacionado à forma como acolhemos Destino e as conseqüências – como crianças e desajustes de nossa própria criação.

Certamente podemos escolher viver em ilusão – imaginando nossos próprios falsos amigos – mas isso convocará a ação da 12ª casa em nossa vida e o sofrimento será nossa maldição. É melhor tratar tudo o que ouvimos como opinião, e tudo o que vemos como perspectiva, pois assim podemos nos reservar ao conforto da alma à busca da verdade, descansando seguros de que o que quer que tenhamos como fardos e bênçãos, Destino sabe exatamente que podemos carregá-los ao trono de Feliz Destino.

2 comentários:

  1. Texto muito interessante... mas as pessoas que tem a 11ª e a 12ª casa no mesmo signo (como eu, rs)? Como trabalhar isso?

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    1. A décima primeira e a décima segunda são casas opostas. Ou seja: Você varia entre a fortuna (sorte, felicidade, riqueza) e o infortúnio (má sorte, tristeza, pobreza). Simplificando, você precisa sair de cima do muro.
      Ou você opta por aquilo que te da prazer, ou pelas aflições e angústias. Descubra a sua essência, aquilo que te faz gozar da vida!
      Não é um trabalho que se pode comprar os materiais necessários, juntar os ingredientes, apresentar na aula - ou que o façam para você - e esperar pela nota.
      Mas sim vivê-lo, um trabalho diário que a nota nós mesmos damos. Avaliando nossos feitos/desfeitos.

      Rônei P.D

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